Opinião

A falta que a Avenida Niemeyer faz à cidade do Rio de Janeiro

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5 de março de 2020, 12h04

*Artigo originalmente publicado na edição desta segunda-feira (2/3) do jornal O Globo.

Única alternativa ao Túnel Dois Irmãos, que liga os bairros de São Conrado e Leblon, a Avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro, está fechada desde o dia 27 de maio do ano ado. Segundo dados oficiais, deixaram de circular por ali, diariamente, cerca de 36 mil veículos. Apesar de sua importância, a via foi interditada por razões de segurança, depois de ser atingida por deslizamentos de terra.

Como condição para a reabertura da Niemeyer, a Justiça determinou que a prefeitura fizesse obras de drenagem e contenção de encostas para reduzir os riscos de novos deslizamentos. Em janeiro, o município informou que investiu mais de R$ 34 milhões e realizou 56 intervenções que garantiram a segurança da via. As obras emergenciais estão concluídas.

Mesmo assim, o que se vê é uma queda de braço entre a prefeitura, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público estadual, encarregado de dar parecer sobre o pedido de reabertura.  Agora mesmo, encontra-se nas mãos do MP o relatório do Instituto de Geoténica do Rio (GEO-Rio) a favor da reabertura. Só após a manifestação do MP, a Justiça tomará sua decisão.

Essa situação não interessa a ninguém. O fechamento da Niemeyer prejudica as populações da Barra, do Recreio e da Zona Oeste que utilizam a Niemeyer. E também afeta a vida das comunidades próximas, como a Rocinha e o Vidigal. Enquanto os Poderes se engalfinham, os motoristas que trafegam entre a Barra e a Zona Sul enfrentam longos engarrafamentos. São horas e horas perdidas, além da perda de empregos. Cai o movimento do comércio, cai a arrecadação do município.

Os hotéis da região chegaram a enfrentar 80% de queda na taxa de ocupação. O que levou ao fechamento de três motéis e dois hostels em São Conrado e no Vidigal. Mesmo hotéis maiores como o Sheraton e o Nacional — este recentemente recuperado graças a fortes investimentos — sentem reflexos negativos.

Com a Avenida Niemeyer fechada, o Rio também perde um de seus mais belos cartões postais. Nossa cidade foi tomada de turistas por conta do carnaval, mas eles vão se despedir sem ter tido o àquela vista excepcional. É uma pena.

Em defesa do Rio e do direito de ir e vir previsto na Constituição, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) entende que se faz urgente a conciliação entre as partes envolvidas. Não adianta buscar quem tem a razão, mas, sim, encontrar a solução para a abertura da Niemeyer.

Em vários países, vias em encostas operam com cancelas que são fechadas nos momentos de condições climáticas perigosas. Aqui no Rio, esse mecanismo ja é adotado no Alto da Boa Vista e na Estrada de Furnas. Com sucesso!

A ACRJ conclama o Poder Judiciário, o Ministério Público e a prefeitura a se sentarem à mesa e retomarem as negociações, se necessário com mediação federal. Chegou a hora de reabrir a Avenida Niemeyer!

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