Derretendo nas pesquisas, Bolsonaro vocifera contra Barroso, que garante eleições
9 de julho de 2021, 15h13
"Eleição vai haver, eu garanto", disse nesta sexta-feira (9/7) o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a mais um ofensa proferida pelo presidente Jair Bolsonaro contra as instituições da República.

Chamado de "idiota" e "imbecil" por Bolsonaro durante encontro com fãs de cercadinho pela manhã, em Brasília, o também ministro do Supremo Tribunal Federal disse ao colunista Josias de Souza, do UOL , que não pode "parar para bater boca".
No fim da tarde de hoje, o TSE divulgou uma nota oficial do ministro Barroso. Clique aqui para ler.
"A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feito em 2014", declarou o mandatário, repetindo a acusação infundada de que o então candidato Aécio Neves (PSDB) teria vencido o pleito contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
A afirmação de Bolsonaro foi contestada pelo próprio Aécio, que disse não acreditar que tenha existido fraude naquela eleição.
Na quinta, o ministro Gilmar Mendes, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, disse: "A prova inequívoca de que não houve fraude foi a eleição de Jair Bolsonaro. Ele não era o candidato do establishment".
O presidente tem feito repetidas ameaças contra as eleições, numa radicalização de discurso que coincide com pesquisas de opinião que apontam o aumento de sua rejeição e o favoritismo de Lula em 2022.
O tom grosseiro das declarações de hoje foi o mesmo do de ontem em sua transmissão semanal pela internet, quando disse que não responderia ao pedido de explicações da I da Covid sobre supostas irregularidades no contrato de aquisição da vacina indiana Covaxin. "Caguei. Caguei para a I. Não vou responder nada", disse.
Sobre o imbróglio da I nesta semana, o youtuber Felipe Neto criticou o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, que reiterou ameaças à comissão após o senador Omar Aziz (PSD-AM) fazer críticas sobre o envolvimento de militares em denúncias de irregularidades acerca da gestão da pandemia do novo coronavírus.
"Prezado brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior. Vai ameaçar a puta que pariu, babaca. Pare de envergonhar as Forças Armadas, tome vergonha nessa tua cara e lembre-se que você trabalha pra gente, não o contrário", disse no Twitter.
Nesta sexta, o PSDB declarou, em uma publicação feita nas redes sociais, que discordâncias políticas são "até salutares" na democracia, mas que as atitudes recentes do presidente Jair Bolsonaro contra os opositores envergonham o país.
Em nota, o grupo Prerrogativas, que reúne juristas, advogados, professores, pareceristas e ex-membros do Ministério Público, prestou solidariedade ao ministro do STF e presidente do TSE. "Se ele [Bolsonaro] não consegue se comportar a altura da função para a qual foi eleito ou satisfazer minimamente os compromissos que jurou cumprir perante a nação brasileira, é necessário que seja democraticamente afastado do seu mandato. Basta! Impeachment já!"
Leia abaixo a nota do Grupo Prerrogativas:
"Solidariedade ao ministro Barroso
Ao injuriar, no dia de hoje, o ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, mais uma vez, o presidente da República mostra não só o seu desprezo pelo Poder Judiciário, mas também o seu desequilíbrio e o seu destempero.
Não bastasse ter utilizado ontem palavras de baixo calão para dizer que não apresentaria nenhuma explicação à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre fatos que lhe são diretamente imputados acerca das graves denúncias que assolam o seu governo, agora, de modo desatinado e desqualificado, atinge a honra de um ministro da nossa Suprema Corte.
Novamente incorre em crime de responsabilidade.
É necessário que as nossas instituições e a nossa sociedade reajam a esse tipo de conduta destemperada, demonstrando que ofensas às nossas instituições e aos seus membros são intoleráveis.
Nunca a história brasileira, mesmo em seus dias mais sombrios, viveu algo parecido. Um presidente da República que não respeita as instituições, que rasga diariamente a Constituição que jurou cumprir, e ameaça a democracia, não pode mais permanecer um dia sequer no exercício do seu mandato.
Até quando as nossas instituições não reagirão a esse tipo de comportamento insano que expõe a nossa imagem perante o mundo? Até quando haverá complacência com a falta de compostura e de razoabilidade daquele que ocupa a Presidência da República? Até quando haverá a conivência com mais de meio milhão de mortes de brasileiros e brasileiras?
Quem não se dá ao respeito não se faz respeitar. É necessário que as instituições democráticas exijam respeito daquele que exerce a presidência da República. E se ele não consegue se comportar a altura da função para a qual foi eleito ou satisfazer minimamente os compromissos que jurou cumprir perante a nação brasileira, é necessário que seja democraticamente afastado do seu mandato.
Basta! Impeachment já!
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