Disputa binacional

Advogado que atuou contra Petrobras nos EUA vai processar Americanas

20 de janeiro de 2023, 21h13

Em entrevista à revista Veja, o advogado André de Almeida revelou que foi procurado por acionistas, fundos e gestoras das Lojas Americanas para encabeçar uma futura ação coletiva contra a varejista, que teve seu pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça do Rio de Janeiro na quinta-feira (19/1).

Divulgação
André de Almeida tem no currículo
acordo bilionário com a Petrobras
Divulgação

O profissional tem em seu currículo o fato de ter conseguido firmar um acordo de R$ 9 bilhões em uma ação contra a Petrobras nos Estados Unidos.

Segundo Almeida, desde o último dia 12 ele tem sido procurado para representar acionistas, gestores e outros credores lesados nos Estados Unidos, país em que as Americanas negociam ADRs (recibos de ações).

Ele explicou que pretende replicar a estratégia usada no acordo com a Petrobras e disse que vai atuar em ações no Brasil e nos Estados Unidos, além de trabalhar para reunir provas sobre o caso. 

"A minha convicção é de que esse assunto deve ser solucionado no Judiciário brasileiro e no americano. Eu confio em usar as duas jurisdições. Outro ponto interessante é que eu não vou processar apenas para pedir o ressarcimento dos R$ 20 bilhões (valor estimado do rombo da empresa), eu vou pedir o ressarcimento e uma multa. No caso da Petrobras, as multas punitivas por causa da fraude nos Estados Unidos foram muito altas, bilionárias, superiores ao valor da própria indenização em si."

O advogado acredita que o pedido de recuperação judicial da empresa não deve dificultar sua estratégia. "Eu acho que o pedido em nada muda a estratégia para o ressarcimento. Afinal de contas, a RJ serve para fazer uma composição de credores, e não para dar guarida ou dar proteção a fraudadores. A empresa não é inocente e os controladores e membros do conselho também não são." 

Ele disse acreditar que houve fraude contábil por um longo período na empresa e que a auditoria PwC também pode ser responsabilizada. Por fim, comparou o caso das Americanas ao da Enron, nos Estados Unidos, que cometeu fraude contábil por mais de uma década até ser descoberta, em 2001. "Por sua vez, esse caso quebrou não só a Enron, que era a maior empresa de energia elétrica do mundo, mas também a Arthur Andersen, que fazia a auditoria da empresa."

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!