Laspro aponta o que pode definir o sucesso das recuperações judiciais
11 de maio de 2023, 9h45
Não existe uma fórmula ideal para que um processo de recuperação judicial chegue ao fim em bom termo. Não se trata de uma ciência exata. Contudo, a análise correta da viabilidade do negócio e a identificação do momento oportuno para se recorrer ao instituto podem aumentar exponencialmente a chance de sucesso.

O diagnóstico é de Oreste Laspro. Ele é advogado, mestre e doutor em Direito Processual Civil pela USP e professor de Processo Civil na mesma universidade. Também é um experimentado judicial e trata do assunto na série "Grandes Temas, Grandes Nomes do Direito", que a revista eletrônica Consultor Jurídico apresenta a partir desta semana. Nela, algumas das mais influentes personalidades do Direito brasileiro vão falar sobre os assuntos mais relevantes da atualidade nacional.
Laspro explica que muitas vezes o avanço tecnológico e as mudanças sociais fazem com que uma empresa seja obrigada a reinventar o seu negócio. O especialista cita o caso de uma fábrica de capas de CD como exemplo hipotético. Nesta situação, a recuperação judicial não pode ser encarada como a solução do problema, uma vez que esse empresário está em uma situação em que se reinventar é uma condição primária para a sobrevivência do seu negócio.
Outro fundamento importante é identificar o momento mais oportuno para pedir a recuperação judicial. Muitas vezes companhias que não sofrem com nenhum protesto ou pedido de execução recorrem ao instituto. Segundo Laspro, isso não deve causar estranhamento e pode significar que a empresa ao antever o problema, adotou medidas que aumentam a chance de sucesso da recuperação judicial.
“Um problema básico das empresas é crise de liquidez. Se a empresa já está sendo alvo de execuções e protestos, significa que está sem pagar credores há muito tempo e, portanto, a crise de liquidez dela é grave”, explica.
O especialista defende a importância de o empresário se conscientizar que está em crise e que um dos caminhos para resolução do seu problema é a recuperação judicial. Também enxerga com bons olhos as alterações recentes da Lei de Falências e Recuperações Judiciais (Lei 11.101/2005).
“A lei, quando bem aplicada, é eficaz. Só que, por se tratar de um processo coletivo, é necessário ter absoluta transparência e rigor na fiscalização dos atos da empresa recuperanda. A maioria das recuperações de empresas viáveis obtém sucesso quando isso é observado”, diz.
Por fim, Laspro elenca dois cenários em que a recuperação de uma empresa é inviável. “Muitas empresas não podem pedir recuperação judicial por não terem a documentação adequada e não existe tempo hábil para providenciar esses documentos. Outras estão em uma situação financeira tão grave que ela se tornou irreversível. Nesse caso, o caminho natural é a falência”, explica.
Clique aqui para assistir à entrevista com Oreste Laspro ou veja abaixo:
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