Amor e fidelidade ao Iasp

Na celebração dos 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), é de se recordar de seu patrono e primeiro expoente. Nesse sentido, de se ter em conta que o Barão de Ramalho, embora filho de espanhóis, em respeito aos pais adotivos assumiu o nome de Joaquim Ignacio de Ramalho. Realizou o curso jurídico em São Paulo, formando-se em 1834. Foi Lente da Faculdade de Direito, vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo, da Província de Goiás, deputado por Goiás e São Paulo, diretor da Faculdade de Direito e primeiro presidente do Iasp.

Diversas foram as homenagens em vida. Por seus serviços, por Carta de 1º de setembro de 1846, recebeu o oficialato da Ordem da Rosa. Por méritos, recebeu o título de conselheiro imperial, em 1861, e a comenda de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 1874. Tornou-se barão de Água Branca, em 1887 e, ao depois, no mesmo ano, finalmente barão de Ramalho. A

explicação dos dois baronatos, em si, já explica o homem que era, uma vez que teria pontuado que somente aceitaria o título se aquele fizesse menção à família que o acolhera desde criança. Nos retratos, em especial os postos na Faculdade de Direito, bem se veem as três honrarias a ornar as vestes de nosso presidente. Aqui, contudo, é de se falar apenas de uma delas: a Ordem da Rosa.

A Nobilíssima Ordem Imperial dos Cavaleiros da Rosa, ou, simplesmente, Imperial Ordem da Rosa, foi uma das três ordens honoríficas brasileiras do período imperial. Foi criada por dom Pedro para a memória de seu matrimônio, em segundas núpcias, com a princesa Amélia de Leuchtenberg, em 1829. Diversas lendas cercam sua história, mas é bastante certo que diversas de suas características se mostram em homenagem a D. Amélia e sua origem.

Assim, desse dizer, por exemplo, sobre o fato de as rosas serem identificadas com a sua família. D. Amélia era filha de Eugenio, Duque de Leuchtenberg, filho, por sua vez, do visconde Alexandre de Beuharnais e Josefina de Beuharnais, depois imperatriz da França e consorte de Napoleão. Josefina sempre fora apaixonada por rosas e suas descendentes caminhavam no mesmo o. Mas não só. Eugenio, filho adotivo de Napoleão, com ele participou de diversas campanhas. E, mesmo com a desgraça deste último, tinha como lema Honra e Fidelidade, exaltando a fidelidade ao imperador francês.

Ainda que fazendo parte da família real que fugiu de Portugal pela invasão de Napoleão, dom Pedro teria exprimido sua devoção à d. Amélia, vindo a adaptar e modificar o lema de sua família, substituindo-o por Amor e Fidelidade. E, isso, cercado pelas rosas em lembrança da avó de d. Amélia, Josefina. Essa homenagem a uma família tão proscrita naqueles tempos pós-napoleônicos foi uma das provas que, segundo consta, teria encantado a princesa.

E assim surgia a Imperial Ordem da Rosa, como um sinal de devoção, amor e fidelidade, entre o casal e para com o Brasil. E quando presentes sinais de amor e fidelidade para com a Coroa, seria o caso de se fazer merecedor, também, sinal de gratidão do Império vertido na comenda. Esse, o caso do Barão de Ramalho. A banda rosa, marcante e que evidenciava a glória posta, podia ser vista juntamente com a forma do grau imposto: Grã-Cruz; Grande Dignatário, Dignatário, Comendador, Oficial e Cavaleiro, com honras respectivas a cada escalão.

A condecoração, de toda forma, evidenciava uma estrela branca de seis pontas, unidas por uma guirlanda de rosas. Ao centro, as letras P e A entrelaçadas. Ao centro, em relevo, circundando a orla azul, a legenda Amor e Fidelidade. Ao reverso, a data do casamento, 2/8/1829, com os nomes Pedro e Amélia.

Uma das belas comendas do Império, a ela, agora, a fazer parte do acervo do Iasp, recordando o “amor e a fidelidade” que o Barão de Ramalho também tinha pela primeira das entidades voltadas ao Direito desta terra. Amor e fidelidade ao Direito, à Justiça e ao Iasp. Sentimentos, aliás, que são nutridos e enaltecidos há 150 anos. Sentimentos que exaltam o que é ser Iasp.