Ideia nova

Senadores consideram lançar uma chapa bipartidária para a Presidência dos EUA

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17 de janeiro de 2024, 9h48

A corrida eleitoral para a Casa Branca, que começou nesta segunda-feira (15/1) com os eleitores indo às urnas para escolher o candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro, não teve surpresas: Donald Trump venceu com 51% dos votos. Houve, no entanto, um fato inédito: o governador da Flórida, Ron DeSantis, e seus correligionários festejaram o segundo lugar como se ele tivesse vencido a eleição.

Donald Trump, como previsto, saiu na frente nas primárias do Partido Republicano

DeSantis obteve 21,2% dos votos, deixando em terceiro lugar, com 19,1%, a ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas e ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley. Ela também fez um discurso entusiasmado, prevendo que terminará a corrida das eleições primárias do partido em segundo lugar.

E este é um ponto interessante das primárias do Partido Republicano: a intensa disputa pelo segundo lugar. Isso sugere que os candidatos apostam em uma desventura de Trump que o impedirá de continuar na luta pela presidência. Curiosamente, a mídia está dando maior cobertura à disputa do segundo lugar do que à do primeiro.

Outro fato interessante é que há um movimento, para o qual até foi criado um comitê eleitoral, para lançar uma chapa bipartidária para a eleições gerais de novembro. O Draft Romney Manchin Committee, com sede em Boston, Massachusetts, registrou-se na Comissão Eleitoral Federal dos EUA para lançar a candidatura dos senadores Mitt Romney e Joe Manchin. Romney é republicano e Manchin é democrata.

Ambos já declararam que não vão concorrer à reeleição ao Senado, mas nenhum dos dois confirmou, até agora, se vai concorrer à eleição presidencial. Há indicações de que os dois senadores querem esperar pelo menos até a Super Tuesday — assim chamada porque 12 estados promovem suas eleições primárias no mesmo dia (5 de março) — para só então avaliar o cenário eleitoral.

Após a Super Tuesday, o partido terá feito 23 eleições primárias e já se terá uma ideia mais clara sobre a conveniência de lançar essa chapa bipartidária. Isso dependeria, sobretudo, do desempenho de Trump. Há uma presunção de que essa chapa bipartidária vai tirar mais votos do presidente Joe Biden do que de Trump, que tem um eleitorado cativo considerável — embora esteja perdendo seguidores.

A ideia é que só vale a pena concorrer se houver uma alta probabilidade de vitória, mas não de tirar votos de um candidato para favorecer o outro. Essa possibilidade existe. As pesquisas indicam que cerca de 60% do eleitorado (em que pesam mais as opiniões dos eleitores independentes) não deseja ver uma nova disputa Biden-Trump e ter de escolher o menos ruim (the lesser of two evils).

Uma boa opção seria bem-vinda. E a chapa Romney-Manchin seria essa boa opção, por ser bipartidária — e pelo sangue novo. Os defensores da chapa argumentam que essa dupla de senadores moderados, que estão sempre dispostos a conversar com seus opositores, resolveria um dos maiores problemas do país no momento: o racha extremo entre republicanos-conservadores e democratas-liberais, que não permite que quase nada seja feito em benefício da nação.

Embora desconversem quando perguntados sobre a chapa, os dois senadores já se atribuíram a missão de viajar pelo país para pregar a reunificação dos americanos, o que é interpretado como uma tentativa de campanha eleitoral, para avaliar a recepção do eleitorado.

As primárias do Partido Democrata, em Iowa, em que Biden disputa com alguns candidatos de pouca expressão, são feitas por correio e só serão divulgadas em março. O sistema poderá ser repetido nas demais eleições primárias do partido.

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