Opinião

Da ebulição às oportunidades

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28 de abril de 2025, 6h02

Vulcões (inativos) têm uma magia para atraírem turistas. A ordem mundial entrou em ebulição este ano, marcada pelas mudanças políticas nos Estados Unidos. Para alguns, por elas causadas, para outros, delas decorrentes. A crise abre a oportunidade para revisitar opiniões e posições, entre sociedades, economias e nações.

Madri, capital espanhola

Nesse novo cenário, os países do chamado Sul Global, como o Brasil, ganham uma possibilidade ímpar e particular para (re)conectar-se com uma Europa que, em sua essência, precisa se renovar e se reinventar. O risco para ambos blocos será aprofundar o abismo que já possuem em relação às hegemonias tecnológica e econômica hoje divididas entre Estados Unidos e China.

Como outras nações, o Brasil precisará equacionar desafios para sobreviver e para avançar na nova ordem mundial que está a surgir. O país precisa adotar uma visão estratégica de longo prazo, baseada em investimentos em tecnologia, sustentabilidade e defesa de sua soberania, enquanto se posiciona no cenário global com inteligência e pragmatismo.

Além das reconfigurações geopolítica e econômica, o avanço das Big Techs, as mudanças nas cadeias globais de produção e as guerras culturais exercem pressão crescente para a adoção de uma postura estratégica no país. No campo geopolítico, o Brasil precisará lidar com a pressão dos Estados Unidos contra os Brics e com a crescente polarização global entre Oriente e Ocidente.

No setor tecnológico, a falta de regulação sobre as gigantes tecnológicas e o avanço da inteligência artificial colocam em risco a soberania digital brasileira. Já no âmbito econômico, com uma dívida de 1,8 trilhão de dólares e balança comercial deficitária, o Brasil se mostra vulnerável às flutuações do comércio internacional e às tarifas impostas pelos Estados Unidos, principalmente considerando o desafio do custeio da istração pública.

No que diz respeito ao meio ambiente, a pressão internacional por preservação ambiental aumenta, especialmente com o país assumindo o papel de anfitrião da COP 30, em momento em que a agenda climática global se enfraquece. Não basta ser espectador: o Brasil tem a oportunidade de assumir maior protagonismo nas questões ambientais e liderança econômica, principalmente na América Latina.

As dinâmicas estruturais globais, as oportunidades de integração e o diálogo para uma transformação sustentável estão no centro das discussões do 2º Foro Transformaciones, que será realizado em Madri, nos dias 8 e 9 de maio — ver aqui . Serão reunidos diplomatas, economistas, autoridades, magistrados e parlamentares, convidados da Espanha, Portugal e Brasil.

Organizado pela associação cultural Fórum de Integração Brasil Europa (Fibe) um ano após a sua primeira edição espanhola (que discutiu a democracia na era digital), o Foro Transformaciones se consolidou como um espaço central de debates.

Mais que nunca, é importante dialogar, ouvir e construir consensos. É consenso de que melhoraram muito as perspectivas para ser finalmente concretizado o acordo entre Mercosul e União Europeia. Esta precisa mais que nunca se aproximar de outros parceiros que não apenas os Estados Unidos, depois das recentes e radicais mudanças de postura de seu governo. Há oportunidade ímpar para se transformar a ebulição da ordem mundial em atalho para acordos e cooperação entre os comprometidos com a paz, a inclusão social e a transição ecológica.

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