CRIMES CONTRATADOS

Ronnie Lessa é condenado a 90 anos de prisão por duplo assassinato no Rio

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22 de maio de 2025, 16h46

O 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou na manhã desta quinta-feira (22/5) o ex-policial militar Ronnie Lessa a 90 anos de reclusão e o ex-vereador Cristiano Girão a 45 anos, ambos em regime fechado, pelas mortes do ex-policial militar André Henrique da Silva Souza, conhecido como Zóio, e da companheira dele, Juliana Sales de Oliveira. A sessão do júri foi presidida pela juíza Tula Correa de Mello.

Ronnie Lessa, ex-PM preso e réu confesso do assassinato de Marielle e Anderson Gomes

Os réus participaram do julgamento a distância, por já estarem presos. Ronnie Lessa, condenado pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, cumpre pena na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo. E Cristiano Girão acompanhou o julgamento de uma unidade do Complexo de Gericinó, no Rio.

O crime aconteceu na Gardênia Azul, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, em 2014. Na ocasião, o casal ava de carro pelo local e foi emboscado, sendo atingido por disparos vindos de outro veículo. O duplo assassinato aconteceu em área onde Girão era apontado pela polícia como suspeito de comandar uma milícia. De acordo com a denúncia, Lessa foi contratado para executar o ex-policial, que seria rival do ex-vereador.

Armas de guerra

Ao estabelecer as penas, a juíza Tula Correa de Mello destacou a violência do caso. Lessa fez pelo menos 33 disparos de fuzis de guerra, conforme confessou.

“Isso por si só se trata de tamanha desproporcionalidade em relação às vítimas desarmadas, além de demonstrar-se uma afronta direta ao estado do Rio de Janeiro organizações criminosas terem em sua posse armas de grosso calibre, utilizadas em contexto de guerras como da Ucrânia e Rússia, utilizando-as para o cometimento de intuitos criminosos, os integrantes dessa organização criminosa não temem a atuação do Estado e dos órgãos de segurança pública, e agem com o nítido intuito de causar temor generalizado na população, nas testemunhas do crime e de fatos correlatos, e ainda afrontam a própria existência do Estado democrático de Direito e dos três poderes do estado fluminense, diante do nítido desprezo pelas instituições e da crença desmedida na impunidade”, disse a julgadora.

Tula ainda ressaltou que o crime foi planejado de formar a não possibilitar a reação das vítimas. E mencionou que os corpos ficaram tão desfigurados que os familiares sequer puderam se despedir dignamente deles.

Caso Marielle

Assassinos confessos de Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz (também ex-PM) foram condenados em outubro do ano ado pelo 4º Tribunal do Júri do Rio. Lessa foi condenado a 78 anos, nove meses e 30 dias de prisão. Queiroz, a 59 anos, oito meses e dez dias.

O júri entendeu que eles são culpados de três crimes: duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima); tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves (assessora de Marielle); e receptação do veículo usado no crime. Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março de 2018.

Lessa e Queiroz estão presos desde 12 de março de 2019. Eles fecharam acordo de delação premiada. Os acusados de serem os mandantes dos crimes são os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, respectivamente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e deputado federal. O delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro na época do crime, é acusado de ter prejudicado as investigações. Os três estão presos desde 24 de março deste ano.

Por causa do foro, há um processo paralelo no Supremo Tribunal Federal que julga os irmãos Brazão e o delegado. Também são réus no processo o ex-policial militar Robson Calixto, ex-assessor de Domingos Brazão, que teria ajudado a ocultar a arma do crime, e o major Ronald Paulo Alves Pereira, que teria monitorado a rotina de Marielle.

A motivação do assassinato da vereadora, segundo os investigadores, envolve questões fundiárias e grupos de milícia. Havia divergência entre Marielle e o grupo político do então vereador Chiquinho Brazão sobre o Projeto de Lei 174/2016, que buscava formalizar um condomínio na Zona Oeste da capital fluminense.

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Processo 0515767-28.2014.8.19.0001

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