Testemunhas de Bolsonaro negam ao STF conversa sobre golpe de Estado
30 de maio de 2025, 17h15
Em depoimentos prestados nesta sexta-feira (30/5), no Supremo Tribunal Federal, as testemunhas de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negaram ter conversado com ele sobre golpe de Estado. Elas foram ouvidas na investigação sobre a atuação de uma organização criminosa para romper a democracia depois da derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.

O ex-presidente Bolsonaro é um dos oito integrantes do Núcleo 1 do golpe de Estado
O primeiro a depor foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Questionado sobre diálogos de teor golpista, ele afirmou que isso “jamais ocorreu”.
“Assim como nunca tinha acontecido no período do meu ministério. Nesse período de reta final, novembro e dezembro (de 2022), nas visitas que fiz (a Bolsonaro), ele jamais tocou nesse assunto. O presidente estava triste, resignado. Conversávamos sobre muita coisa e esse assunto nunca veio à tona.”
Segundo o governador, o único comentário de Bolsonaro a respeito do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi “o de lamentar e preocupação que a coisa desandasse”.
O senador Ciro Nogueira (PP), que também ocupou cargo de ministro na gestão de Bolsonaro, negou ter recebido a minuta de um golpe de Estado e disse que em “hipótese alguma” Bolsonaro propôs uma ruptura institucional.
Além disso, Nogueira afirmou ter notado uma “falta de interesse (do ex-presidente) com a situação do país”.
Renato de Lima França, ex-subchefe de assuntos jurídicos da Presidência da República, também negou a existência de conversas sobre minutas ou golpe de Estado, nem mesmo em termos hipotéticos. “Não, nada. Nada me foi demandado nesse sentido pelo presidente.”
Em seu depoimento, França disse nunca ter ouvido falar do plano Punhal Verde e Amarelo, que teria como objetivo ass Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A última testemunha do dia foi Jonathas Assunção Salvador Nery, subchefe-adjunto de Gestão Pública da Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil no governo anterior. Nery sustentou que não houve “embaraço” na transição entre governos e que “foi tudo pacífico”.
Último depoimento
A oitiva das testemunhas de defesa do Núcleo 1 do golpe de Estado se encerrará na segunda-feira (2/6) com o depoimento do senador Rogerio Marinho (PL), que falará a pedido dos advogados do ex-presidente da República. Marinho também foi ministro na gestão de Bolsonaro.
Participaram da audiência desta sexta o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação; o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e advogados dos réus.
Além de Bolsonaro, o Núcleo 1 é composto por outras sete pessoas: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência); Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e Segurança Pública); Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional); Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro); Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa); e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).
AP 2.668
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